Disparada nos preços de medicamentos pode levar ao colapso na saúde

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Disparada nos preços de medicamentos pode levar ao colapso na saúde
19-03-2021
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Gestores e profissionais da área de saúde relatam que o mercado não consegue atender a demanda dos hospitais

Não bastasse a alta procura por leitos nos últimos meses, os hospitais também lidam agora com a falta de insumos e medicamentos básicos para atender os pacientes.

Gestores e profissionais da área de saúde relatam que o mercado não consegue atender a demanda dos hospitais e o preço dos insumos foi levado às alturas.

Para se ter uma ideia, os sedativo rocuronio, cuja ampola custava R$ 16 no início do ano, já é vendido a R$ 470, um aumento de 2.900%. Nos outros medicamentos sedativos, segundo a farmacêutica do Hospital Santa Maria, em Goiânia, Renata Evangelista, a média de aumento foi de 100%. Anestésicos subiram cerca de 300%. “Hoje estamos vendo um aumento grande nos sedativos. Por enquanto, não vimos grande diferença nos anti-microbianos. Os antiangreantes plaquetários sofreram um pequeno aumento nesta semana também”, disse ao Diário de Goiás.

O médico Karóly Hunkár ressalta que a carestia também traz problemas à saúde financeira das unidades hospitalares. “Não estamos deixando de comprar, mas estamos começando a pagar para trabalhar”, frisa.

Segundo Evangelista, também há escassez no mercado. “De uma lista e oito sedativos que eu tinha para comprar nesta semana, consegui comprar só três”, relata. A farmacêutica também faz parte de um grupo de compradores de todo o Brasil e diz que o problema é de abrangência nacional. “Nosso grupo tenta se ajudar, mas a falta é geral, embora tenhamos fornecedores e vários estados”.

A corrida pelos escassos sedativos, revela a farmacêutica, é cada vez maior. “Quando um distribuidor me avisa que chegaram ampolas, tem que ter um jogo de cintura grande. Quando você vai faturar, já acabaram”.

A alta se justifica, de acordo com médicos, pela alta expressiva da demanda, somada à limitação de produção das indústrias. Evangelista cita que a capacidade hospitalar também é superior à primeira onda, o que amplia a necessidade de medicamentos e insumos.

Até o momento, o Hospital Santa Maria tem estoque que consegue suportar a demanda das próximas semanas, mas já vê com preocupação o futuro. “Se o cenário não mudar, podemos chegar a um colapso”.

Reflexo na ponta

A falta de sedativos adequados pode obrigar os médicos a “improvisar”, segundo Hunkár. “Podemos ter que usar outros tipos de sedativos”, revela. Destarte, diz o médico, a pronação, melhor terapia para tratamento a covid-19, se torna inviável. “Essas medicações que estão faltando são essenciais para fazer pronação. Sem ele colocamos o paciente em mais risco, pois ele não se entrega ao respirador, a gente não consegue fazê-lo saturar melhor. O pulmão dele pode estourar”.

Hunkár destaca que o cenário é “sombrio” e já ouviu relatos de colegas médicos que precisaram conter os pacientes com amarras para um processo de intubação em locais que faltaram medicamentos sedativos e relaxantes musculares.

A farmacêutica Renata Evangelista diz que os médicos já começam a pensar em combinações de sedativos para lidar com a escassez do rocuronio, o mais utilizado atualmente. “Não é o adequado, mas´e uma opção”.

Ela ainda faz um alerta. “Se a indústria não conseguir aumentar (a produção), teremos um colapso. E não vai demorar”.

Especialidades também sofrem

Embora os reajustes estejam concentrados em medicamentos para tratamento de pacientes de urgência e emergência, algumas especialiades também sofrem.

Segundo o oncologista Gabriel Felipe Santiago, que atua em diversas unidades do estado, a alta do dólar fez o preço subir. “Não é um aumento tão intenso, mas nós sentimos”. Os medicamentos importados, como anticorpos monoclonais, foram os mais afetados.

Para piorar a situação, a tabela de repasse dos planos de saúde, que entregam os medicamentos às clínicas credenciadas, não foi atualizada. Destarte, os valores mantiveram-se baixos enquanto os preços subiram.

 

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