Objeto estranho só foi descoberto cinco meses após o parto. Durante cirurgia de remoção, ela perdeu parte do intestino.
Uma estudante de 25 anos denunciou que ficou com uma compressa no abdômen após fazer uma cesariana no Hospital Municipal do , no norte de Goiás. Mariana Silveira Neves fez o parto em 5 de abril de 2024, mas só em setembro conseguiu identificar o objeto estranho que causou dores abdominais durante cinco meses.
A cirurgia de remoção da compressa foi realizada no dia 15 de setembro. Até então, a jovem realizou consultas e exames que não apontavam a causa da dor e do inchado abdominal que ela apresentava.
Solicitamos um posicionamento da Prefeitura de Nova Crixás por e-mail na tarde de quinta-feira (28), mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
De acordo com Mariana, foram necessárias duas incisões para que a equipe médica localizasse o corpo estranho, que, até então, não sabiam o que era.
“Abriram [o local da] cesariana e não estava lá. Aí, teve que cortar a minha barriga. Eles falaram que estava colado no intestino”, contou a jovem.
De acordo com Mariana, só ao abrir o abdômen a equipe médica identificou que se tratava de uma gaze. A jovem perdeu parte do intestino e uma trompa de falópio no procedimento de remoção da gaze. Ela ficou três dias na UTI e só soube o que havia acontecido algum tempo.
“Demoraram a me contar. Fiquei bem triste. Não esperava ficar com uma cicatriz grande assim. E fiquei mais triste ainda quando soube da perda da trompa”, declarou a jovem.
Mariana registrou ocorrência contra o médico que fez o parto. De acordo com a delegada Fernanda Simão de Almeida, ele já foi ouvido e que tudo correu bem com cesariana.
“Ele [o médico] alega que a cirurgia dela correu dentro do procedimento e que não teve intercorrências”, afirmou a delegada.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa do médico denunciado até a última atualização desta matéria.
A Polícia Civil ainda está ouvindo testemunhas e aguarda o laudo da perícia feita pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica.
Parto e dor
Mariana Neves disse que foi ao hospital em trabalho de parto e que pediu por um parto normal.
“Chegando lá, eu estava dilatando já para ter parto normal, só que aí o médico não quis esperar e falou para fazer a cesariana. Ele falou que era para eu não ficar sofrendo de dor”, narrou a estudante.
De acordo com a jovem, as dores na barriga começaram assim que acabou o efeito da anestesia. Ela chegou a pensar que havia algo de errado com o útero.
“Depois que eu tomei banho e tudo, não consegui nem andar de dor. Até reclamei para as enfermeiras que tinha dor e algo me incomodava ao andar”, contou.
Mariana teve alta no dia seguinte e foi para casa com a informação de que a dor era normal e que iria passar.