com as informações recebidas , a Polícia Militar Ambiental, de Goianésia fora acionada, o que de imediato começou as investigações
No dia 15 de novembro, uma forte chuva caíra em quase todo estado goiano e na região do Vale do São Patrício as chuvas tiveram uma pluviosidade considerável, fazendo com que as águas do Rio dos Patos, nos municípios de Goianésia e Barro Alto aumentassem de forma a transbordar em alguns locais. Logo após a forte chuva, uma grande mortandade de peixes foi observada, o que devido ao rio margear uma grande plantação de cana de açúcar, populares e ribeirinhos atribuíram a mortandade dos animais com o trabalho feito por uma aeronave que realizava a pulverização dos canaviais naquelas proximidades.
com as informações recebidas , a Polícia Militar Ambiental, sediada em Goianésia fora acionada, que de imediato começou , juntamente com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, também de Goianésia, deslocaram ao local para averiguação dos acontecimentos. Por lá foi observado que os animais ainda vivos estavam sobre a superfície à procura de oxigênio, e outros já estavam mortos. Assim, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente realizou a coleta de amostras d’água, bem como exemplares de peixes mortos para que fossem encaminhados a laboratório onde após análise seja determinado à causa morte.
Em seguida, a Polícia Militar de Goiás, através do Comando de Policiamento Ambiental, visitou as diversas atividades desenvolvidas pela empresa Jalles Machado, responsável pelo plantio da cana de açúcar, confinamento e usina que industrializa a cana na produção do etanol e açúcar às margens e proximidades do Rio dos Patos.
Imagaem: Divulgação/Polícia Militar Ambiental
Foi observado que o confinamento, além de licenciado, conforme as exigências técnicas, apresentou os tanques de decantação, onde dão destino final aos dejetos, e inicialmente foi descartado a hipótese do chorume ter sido lançado no leito do rio, haja vista que o Rio dos Patos fica a uma distância de aproximadamente 12 km do confinamento.
A última colheita e moagem da cana de açúcar ocorreram no dia 02 de novembro, o que também descarta o atual emprego da vinhaça, como adubo orgânico, que caso estivesse em uso e fosse levado em grande escala ao leito do rio pudessem dar a ideia da escassez de oxigênio.
Imagaem: Divulgação/Polícia Militar Ambiental
Por último, a fiscalização ocorreu em torno da aeronave que pulverizava no dia dos fatos. De posse da receita agronômica, apresentada pelo agrônomo Edgar Alves da Silva, responsável pelo emprego dos agrotóxicos, a equipe observou tratar-se do Altacor, agrotóxico com classe toxicológica III, faixa azul, classificada como medianamente tóxica, conforme Lei 7.802/89. A empresa não utiliza o produto a uma faixa mínima de 250 metros das margens do rio, o que segundo o agrônomo, a mistura do componente ocorre numa escala de 60 gramas/30 litros d’água por hectare, o que seria improvável a contaminação.
Caso após análise laboratorial descarte a contaminação das águas provenientes de agrotóxicos, resta crer que a maior parte da matéria orgânica em decomposição encontra-se no fundo dos corpos d’água, no sedimento, onde a concentração de oxigênio torna-se menor, ocasionando a decomposição anaeróbica dessa matéria orgânica. Vale ressaltar que o processo de decomposição anaeróbica gera acidez e gases tóxicos (gás metano e gás sulfídrico, por exemplo), o que torna o ambiente inviável para a sobrevivência da fauna aquática quando ocorre em grande quantiade.
magaem: Divulgação/Polícia Militar Ambiental
A decomposição aeróbica, normalmente, só irá ocorrer na superfície da camada depositada, onde há oxigênio presente, no entanto, qualquer fenômeno que provoque a ressuspensão do sedimento, seja por causas naturais (como a circulação de água, enxurradas ou revolvimento do fundo por peixes) ou artificiais (como a dragagem), irá colocar essa matéria orgânica em contato com o oxigênio presente na coluna d’água, levando assim à sua decomposição e consequente queda nas concentrações de oxigênio dissolvido no meio. Essa é uma causa frequente de mortandade de peixes, sobretudo em lagoas ricas em matéria orgânica como, por exemplo, tanques naturais ou lagos artificiais com excesso da alimentação artificial, que normalmente ocorre nas primeiras chuvas.
Toda documentação produzida pelo Comando de Policiamento Ambiental, foram encaminhados ao Ministério Público de Goianésia, para providências cabíveis.