rmãos, de 9, 12 e 13 anos viviam com mãe e padrasto em Formosa; eles disseram ao Conselho Tutelar de Santa Maria (DF) que eram vítimas de violência e trabalho escravo. Juiz da Infância determinou que meninos fossem para abrigo.
Um casal do Distrito Federal, denunciou ao Conselho Tutelar de Santa Maria um caso de abuso, trabalho infantil e tortura contra três irmãos de 9, 12 e 13 anos. A violência, segundo o casal, era praticada pelo padrasto das crianças no Assentamento Morrinhos, na região de Formosa, em Goiás.
O casal que encontrou as crianças tem um terreno no mesmo assentamento e diz que suspeitou dos abusos. Eles disseram ao que deram o número do telefone para um dos meninos, para que entrasse em contato caso precisasse.
A ligação ocorreu na noite de terça (1º), quando as crianças fugiram. O casal diz que resgatou os irmãos no assentamento por volta das 4h desta quarta-feira (2) e levou os meninos para o Conselho Tutelar de Santa Maria, no DF.
A mulher, que preferiu não se identificar, disse que os irmãos viviam em uma situação desumana. “O padrasto deu um soco e um chute no menor e disse que, se ele voltasse, mataria o menino. Eles fugiram de casa porque pensaram que ele iria matar”, disse a moradora do DF.
A situação é a mais desumana possível porque as crianças estavam sujas, machucadas e com fome.”
Segundo a mulher, as pessoas do assentamento tem medo do padrasto das crianças. “O cara é muito violento. A gente pegou a confiança dos meninos há dois meses e eles nos passaram a história. A polícia não deu ouvidos para nós e a gente estava procurando uma forma de chegar em alguém que se importasse. Quando eu estava me preparando para tentar ligar para alguém e denunciar, eu recebi a ligação deles pedindo socorro”, disse ela.
O conselheiro responsável pelo caso Hessley Santos falou que as crianças chegaram muito sujas, com cicatrizes e marcas de violência pelo corpo. “Como a família mora aqui [em Santa Maria], vieram para o primeiro conselho tutelar que sabiam o endereço e trouxeram as crianças.
“Estavam debilitados, sujos, com hematomas e cicatrizes de maus-tratos.
Conselheiro tutelar de Santa Maria, Hessley Santos lê processo que envolve crianças (Foto: Conselho Tutelar de Santa Maria/Reprodução)
Relat
Relato de maus-tratos
Ao conselheiro, as crianças relataram os abusos sofridos há pelo menos seis meses e falaram da exploração infantil. Disseram que eram escravizados pelo homem, que sofriam violência física e psicológica e que tinham cometer furtos de gado e arame farpado em terrenos da região. Eles também disseram ao conselheiro que eram ameaçadas com faca e arma de fogo.
Os três irmãos contaram que eram obrigados a construir cercas, desossar o gado, preparar a carne e ordenhar as vacas. Mas não podiam comer os alimentos que preparavam nem tomar o leite. As crianças também não frequentavam a escola.
Segundo o conselheiro, os meninos não tomavam banho há cinco dias e relataram que eram acordados de madrugada pelo padrasto com um pedaço afiado de madeira. Na casa do suspeito, ficaram a mãe dos meninos, que está grávida, e mais duas crianças de 4 e 5 anos de idade.
Depois de ouvidas, as crianças foram levadas para um abrigo no DF, por determinação do Juiz da Vara da Infância e Juventude. O conselho tutelar de Formosa deverá ouvir o padrasto das crianças nesta quinta-feira (3).