Gestores e profissionais da área de saúde relatam que o mercado não consegue atender a demanda dos hospitais
Não bastasse a alta procura por leitos nos últimos meses, os hospitais também lidam agora com a falta de insumos e medicamentos básicos para atender os pacientes.
Gestores e profissionais da área de saúde relatam que o mercado não consegue atender a demanda dos hospitais e o preço dos insumos foi levado às alturas.
Para se ter uma ideia, os sedativo rocuronio, cuja ampola custava R$ 16 no início do ano, já é vendido a R$ 470, um aumento de 2.900%. Nos outros medicamentos sedativos, segundo a farmacêutica do Hospital Santa Maria, em Goiânia, Renata Evangelista, a média de aumento foi de 100%. Anestésicos subiram cerca de 300%. “Hoje estamos vendo um aumento grande nos sedativos. Por enquanto, não vimos grande diferença nos anti-microbianos. Os antiangreantes plaquetários sofreram um pequeno aumento nesta semana também”, disse ao Diário de Goiás.
O médico Karóly Hunkár ressalta que a carestia também traz problemas à saúde financeira das unidades hospitalares. “Não estamos deixando de comprar, mas estamos começando a pagar para trabalhar”, frisa.
Segundo Evangelista, também há escassez no mercado. “De uma lista e oito sedativos que eu tinha para comprar nesta semana, consegui comprar só três”, relata. A farmacêutica também faz parte de um grupo de compradores de todo o Brasil e diz que o problema é de abrangência nacional. “Nosso grupo tenta se ajudar, mas a falta é geral, embora tenhamos fornecedores e vários estados”.
A corrida pelos escassos sedativos, revela a farmacêutica, é cada vez maior. “Quando um distribuidor me avisa que chegaram ampolas, tem que ter um jogo de cintura grande. Quando você vai faturar, já acabaram”.
A alta se justifica, de acordo com médicos, pela alta expressiva da demanda, somada à limitação de produção das indústrias. Evangelista cita que a capacidade hospitalar também é superior à primeira onda, o que amplia a necessidade de medicamentos e insumos.