Kananda Diniz disse que foi ofendida após a cliente desistir da compra de um apartamento. Delegado explicou que suspeita vai responder por injúria qualificada.
A corretora de imóveis Kananda Diniz, de 20 anos, denunciou à polícia que foi xingada de “preta golpista”, em Anápolis, a 55km de Goiânia. A jovem, que preferiu não mostrar o rosto, relatou que as ofensas foram feitas por uma cliente que desistiu da compra de um apartamento e precisaria pagar uma multa contratual.
“Logo vieram as ameaças, xingamento e a injuria racial foi quando eu estava em casa, ela ligou e falou o que falou, né… Foi uma palavra muito forte”, disse.
Não conseguimos contato com a cliente até a última atualização desta reportagem.
A ocorrência foi registrada na última quarta-feira (9) o delegado Manoel Vanderic explicou que foi formalizado um indiciamento preliminar pelo crime de injúria qualificada. As partes ainda serão ouvidas e o inquérito policial enviado ao Poder Judiciário.
Ameaças
Enquanto a corretora dava entrevista à cliente ligou para ela (assista no início da reportagem).
“Eu vou te matar, você vai ver”, disse na ligação.
Vitor Cardoso, advogado da vítima, contou que, além de dois boletins de ocorrência, vai solicitar uma medida protetiva.
“As ameaças estão cada dia piores, ameaças de morte, inclusive. Então vamos pedir uma medida protetiva para resguardar a vida desta corretora que está sendo ameaçada diariamente por esta cliente”, afirmou.
Racismo e injúria qualificada
O delegado Manoel Vanderic explicou que o caso se enquadrou como injúria porque as ofensas foram direcionadas especificamente à corretora.
“A discriminação foi direcionada apenas a ela. Não é racismo, porque o racismo é uma generalização e ela ofendeu apenas a honra da vítima. No racismo, a segregação é coletiva. Um exemplo, um motorista falou que no carro dele não entra ‘essa raça’”, disse.
Manoel mencionou que são registrados casos de injúria ou racismo todos os dias em Anápolis, após a criação do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri). No entanto, ele acredita que muitas vítimas ainda temem denunciar.
“Coletivamente existe uma pressão por deixar isso de lado. Porque seria ‘mimimi’, relativiza-se a gravidade do racismo e da injúria qualificada. A vítima é obrigada a esquecer, porque senão coletivamente ela é julgada duas vezes”, falou.
A pena para injúria pode ir de um a três anos e multa, segundo Vanderic.
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