Goiás teve cinco casos de febre maculosa nos últimos cinco anos; entenda riscos e como se proteger da doença

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Goiás teve cinco casos de febre maculosa nos últimos cinco anos; entenda riscos e como se proteger da doença
16-06-2023
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Doença não é contagiosa e não pode ser transmitida de uma pessoa para outra. Para entender mais sobre a doença, o g1 conversou com especialistas que explicam sobre os sintomas, o tratamento e como se prevenir.

Nos últimos cinco anos, Goiás registrou cinco casos da febre maculosa, de acordo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Para entender mais sobre a doença, conversamos  com especialistas que explicam sobre os sintomas, o tratamento e como se prevenir – veja detalhes ao fim da reportagem.

“Apesar de ter poucos casos e a doença ser mais branda aqui [em comparação ao sudeste do país], sem registros de morte, Goiás tem o cenário ambiental perfeito para ocorrer a doença”, explicou o pesquisador Felipe da Silva Krawczak.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a febre maculosa é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato. A doença não é contagiosa, o que significa que ela não pode ser transmitida de uma pessoa para outra.

Professor e pesquisador da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás (UFG), que também atua como consultor técnico voluntário Ministério da Saúde e da SES-GO, Felipe Krawczak explica que a chamada “febre maculosa brasileira” é causada por uma bactéria denominada Rickettsia rickettsii, que causa quadros graves e até letais em determinados locais do país.

No entanto, ele ressalta que no Brasil, há outra bactéria que causa uma febre maculosa mais branda, que é a Rickettsia parkeri, mas somente a Rickettsia rickettsii, é transmitida pelo chamado carrapato-estrela. Esse carrapato geralmente é encontrado em animais hospedeiros, como capivaras, cavalos e até cachorros.

“Os cães, equinos e capivaras servem como sentinelas da circulação dessa bactéria em carrapatos”, explica o pesquisador.

“A capivara não transmite. Ela faz a bacteremia quando é infectada e infecta o carrapato que não está infectado. No entanto, não oferece risco [aos seres humanos]”, pontuou Felipe.

Segundo o infectologista Rafael Teodoro de Carvalho Júnior, para que uma pessoa seja infectada pela doença, o carrapato infectado pela bactéria precisa ficar por bastante tempo na pele da pessoa, a picando, por volta de cinco a oito horas.

“Eles se tornam um problema porque são muito pequenos e a pessoa pode ter sido picada e não conseguir enxergá-lo”, frisou Rafael Teodoro.

O professor Felipe Krawczak explicou que, em uma pesquisa liderada por ele e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi possível concluir que não há a circulação da bactéria Rickettsia rickettsii (que é a bactéria responsável por quadros graves e de letalidade) nas áreas de risco analisadas, em Goiânia.

No estudo, foram analisados, em um raio de 3 km: as proximidades da barragem do rio João Leite; o bairro Vila Morais, prróximo ao rio Meia Ponte e a Fazenda Escola e Experimental da Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Ele explicou que os dados são recentes, tendo sido coletados de março de 2020 a abril de 2022 e publicados este ano.

“Até o momento, a bactéria altamente letal, Rickettsia rickettsii, não foi detectada no estado de Goiás. No estudo, nós não encontramos o DNA da Rickettsia rickettsii nos carrapatos e nem de Rickettsias pertencentes ao grupo da febre maculosa. Encontramos apenas a Rickettsia bellii nos carrapatos e os anticorpos delas nos animais [em Goiânia], mas essa Rickettsia não causa a febre maculosa. Alguns animais, no entanto, apresentaram anticorpos para Rickettsias do grupo da febre maculosa”, explicou o pesquisador.

Sintomas e tratamento

  • Febre
  • Mal estar
  • Dor de cabeça intensa
  • Náuseas e vômitos
  • Diarreia e dor abdominal
  • Dor muscular constante

Além disso, com a evolução da doença é comum o aparecimento de manchas vermelhas nos pulsos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.

  Exantema e edema de mão na febre maculosa brasileira — Foto: Angerami et al. (2021, p. 1036)

A médica infectologista Juliana Barreto explicou que os sintomas iniciais da febre maculosa são similares aos da dengue. Por isso, é necessário prestar atenção também se há a presença de lesões de picadas de carrapato pelo corpo e sintomas da doença ou se a pessoa esteve em locais propícios, como a área rural, parques, ou se a pessoa possui animais de estimação.

O pesquisador Felipe Krawczak ainda ressalta que, ao perceber picadas de carrapato pelo corpo, é necessário procurar imediatamente um atendimento médico. Especialmente se associado a demais sintomas.

“Essa é uma doença que, devido aos sinais clínicos serem muito semelhantes aos de outras doenças, o médico não identifica de forma precoce e o quadro vai agravando”, pontuou Felipe. Por isso é importante informar ao médico que foi picado por carrapatos ou frequentou áreas que tinham carrapatos.

Após a detecção da doença, que é feita por meio de exame sorológico e por exames PCR, os médicos explicam que o tratamento da doença é feito com antibiótico.

Prevenção

Até o momento, ainda não há vacina para a prevenção da febre maculosa. Por isso, para prevenir da doença que, segundo a infectologista Juliana, é difícil de ser diagnosticada devido aos sintomas comuns a várias outras enfermidades, a médica explica a importância de que pessoas que têm animais de estimação usem métodos preventivos contra carrapatos.

Já o médico Rafael Teodoro de Carvalho Júnior orienta, principalmente, o uso de roupas fechadas em áreas de mata e ao andar a cavalo, por exemplo.

“Isso diminui a chance de exposição aos carrapatos, que podem estar infectados. É preciso ter cuidado, já que estamos com muitos casos no Brasil”, concluiu.

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Casal de carrapato-estrela encontrado em Goiânia — Foto: Arquivo pessoal/Felipe Krawczak

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