Investigação aponta que funcionários mentiam sobre estado de saúde de pacientes para desviar e vender morfina para a vítima. Polícia Civil busca saber há quanto tempo desvios do medicamento ocorriam dentro de hospital.
A técnica de enfermagem Gesielly Fernandes da Silva, que morreu por overdose de anestésicos , comprava morfina de funcionários de um hospital, segundo a investigação. A Polícia Civil aponta que, funcionários, que eram amigos da vítima, mentiam sobre o estado de saúde dos pacientes internados no Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), na Região Metropolitana da capital, para conseguirem o medicamento de forma ilícita. Veja o que se sabe sobre o caso:
- 1 – Desvio de medicamentos
- 2 – Prisão de funcionária
- 3 – Depressão e dependência de morfina
- 4 – Demissão após denúncia
- 5 – O que falta ser esclarecido?
1 – Desvio de medicamentos
A Polícia Civil deflagrou uma operação na última quarta-feira (16), para cumprir seis mandados de busca e apreensão no Hospital Estadual de Trindade (Hetrin). De acordo com a investigação, técnicos de enfermagem e enfermeiros do hospital negociavam morfina, tramal e tramadol para terceiros e se automedicavam.
Em nota sobre a operação policial, o hospital disse que a equipe está colaborando com as investigações e que, assim que soube dos fatos suspeitos, a diretoria demitiu os funcionários envolvidos. Segundo a Polícia Civil, pelo menos cinco servidores foram desligados.
A investigação do caso teve início após a morte de Gesielly. A Polícia Civil ainda afirmou que o hospital é vítima dos crimes que estão sendo investigados e que os funcionários demitidos são os suspeitos dos crimes.
2 – Prisão de funcionária
Uma funcionária foi presa durante uma operação da Polícia Civil no hospital, mas foi solta após conseguir um habeas corpus. Não conseguimos contato com o advogado da investigada, mas à TV Anhanguera ele informou que vão provar a inocência dela no processo, mas sem dar detalhes, pois o caso está em segredo de justiça.
Na casa da investigada, foram apreendidas mais de 130 unidades de medicamentos. Sobre esses remédios, a técnica em enfermagem confirmou em depoimento que eles pertenciam ao Hetrin e também a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Trindade, onde disse ter trabalhado há algum tempo. Mesmo assim, a suspeita negou que tenha furtado os remédios. Segundo ela, eles eram de pacientes que recusaram a medicação.
A Prefeitura de Trindade disse que a técnica nunca trabalhou na UPA e trabalhou apenas em áreas administrativas do Conselho Municipal de Saúde, que são áreas que não têm contato com medicamentos.
3 – Depressão e dependência de morfina
Segundo Jhessica Fernandes, irmã da Gesielly, a técnica vítima de overdose estava depressiva e se tornou dependente de morfina para o alívio das dores. Disse ainda que, quando a irmã não conseguia comprar os funcionários davam o medicamento.
“Minha irmã aplicava morfina nela mesma. Ela se viciou na morfina. Nas conversas do celular dela, ela dizia que estava com dor e pedia abraços para as amigas. Ou seja, elas sabiam que minha irmã estava com depressão. Começaram a vender [a morfina], quando não vendiam, davam”, disse Jhessica.
A data da morte da profissional da área da saúde ainda é desconhecida. Prints divulgados pela Polícia Civil mostram quando Gesielly tentava negociar o medicamento com uma funcionária do Hospital Estadual de Trindade (Hetrin), na Região Metropolitana da capital (veja acima).
4 – Demissão após denúncia
Uma ex funcionária do hospital . O Hetrin negou as acusações.
“Várias vezes o medicamento do nada sumia. Eu cheguei até a discutir com a enfermeira-chefe. Sei que é uma prática que já estava sendo feita dentro do Hetrin. Eu achava aquilo estranho e foi por eu fazer esses questionamentos que começaram a me perseguir e até me mandaram embora”, revelou a mulher.
O Hetrin afirmou que “as acusações da suposta ex-funcionária são inverídicas” e que a unidade trabalha com “responsabilidade e compromisso”, incluindo a distribuição segura de medicamentos utilizados pela equipe da unidade.
5 – O que falta ser esclarecido?
A investigação da Polícia Civil busca saber há quanto tempo os desvios do medicamento ocorriam dentro do hospital. De acordo com Thiago Martinho, delegado responsável pelo caso, a investigação também busca saber se os funcionários atuavam da mesma forma em outros hospitais, já que trabalhavam também em outras unidades.
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