Declaração foi dada dois dias após motim deixar nove mortos em Aparecida de Goiânia.
secretário de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás, Ricardo Balestreri, disse nesta quarta-feira (3) que os presídios são comandados por facções criminosas. Segundo ele, os servidores do sistema prisional atuam para conter essa questão, mas não possuem instrumentos para a função.
A declaração foi dada depois que uma rebelião deixou 9 mortos na colônia agroindustrial no regime semiaberto em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital.
“As facções criminosas comandam a maioria dos presídios brasileiros ou tem grande influência. Os agentes tentam realizar o seu trabalho com rigor, mas não têm instrumentos suficientes para isso”, disse .
O secretário disse ainda que essa dinâmica do sistema prisional foi o que causou a rebelião na unidade prisional de Aparecida de Goiânia e admitiu que a falta de agentes é outro fator que dificulta a contenção dessas ações.
“Estamos sempre alertas para evitar essas situações, mas realmente são poucos agentes, mesmo a gente tendo aumentado o número do efetivo esse ano e planejarmos a contratação de mais 1,6 mil temporários, que serão substituídos por efetivos em um ano”, acrescentou.
Sobre armas encontradas dentro do presídio, o gestor esclareceu que há diferentes formas dos presos conseguirem acesso ao material, mesmo com esforço da pasta para evitar a passagem. “Alguns conseguem recebendo armas jogadas por cima dos muros em locais com estrutura precária, outros por meio de visitas e existe também a possibilidade de corrupção dos agentes”, pontuou.
Ainda conforme Balestreri, outras rebeliões foram previamente anunciadas nos presídios, mas contidas. No entanto, por falta de efetivo não foi possível evitar a ação da última segunda-feira. Ele destaca que as organizações criminosas se organizam para realizar ações entre o final e o começo do ano por saberem que o efetivo é menor.
Ao ser questionado a respeito das ações tomadas para evitar as rebeliões, Balestreri destacou que “muito foi feito, como os investimentos nas contruções de presídios, mas são medidas que vão ter efeito a médio e longo prazo”.
Para evitar novas rebeliões, o secretário destacou que é preciso investir em cadeias com estruturas melhores, como de segurança máxima, e separar os detentos de maior periculosidade dos presos menos perigosos. Balestreri defende ainda a reinserção dos internos que cometeram crimes de menor gravidade por meio de penas alternativas, como prestação de serviços à sociedade.
“Há um projeto de lei já assinado pelo governador em que será criado uma Diretoria Geral do Sistema Penitenciário, que será autônoma orçamentária e administrativamente. Desta forma, será do executivo a responsabilidade pela gestão da vaga, portanto, será possível remanejar os presos conforme a periculosidade deles”, comentou.
O secretário afirmou que, com esta separação dos presos, a medida poderá evitar novos motins como o de segunda-feira. Além disso, ele destacou que ao menos dois presídios devem ser inaugurados no estado até o próximo mês de fevereiro, medida que procura desafogar as unidades prisionais e minimizar o problema da superlotação nos presídios.
“O crescimento do crime organizado, com o crescimento da crise sem precedentes no país, somado ao aumento da efetividade da polícia que prende muito levou à essa superlotação, que é o principal problema do sistema prisional”, completou.