Presidente da Alego encaminhou representação de Bia e Amaury ao Conselho de Ética após sessões prejudicas por ofensas que ele fez a ela; Ribeiro diz que é “vítima de bullying”
Após dois dias seguidos de desavenças e palavras de baixo calão ditas no Plenário da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) pelo deputado estadual Amaury Ribeiro (UB), o presidente da Casa, Bruno Peixoto (UB), encaminhou representação da deputada Bia de Lima (PT), alvo das ofensas, ao Conselho de Ética da Assembleia. Ribeiro, entretanto, também representou contra a deputada e a queixa igualmente será enviada ao Conselho.
Há muitos meses que o parlamentar deixou apenas as divergências ideológicas para fazer ataques pessoais, expondo a vida privada de Bia, que já representou contra ele, inclusive no Ministério Público Eleitoral. Desde 2023 no ataque, em alguns momentos Ribeiro já tripudiou até da profissão da deputada, que é professora, formada em Pedagogia e dirigente sindical da categoria.
Dessa vez, entretanto, a “baixaria”, como alguns dos próprios deputados chamam a desavença que o colega tem com os parlamentares do PT, especialmente Bia e Mauro Rubem, atrapalhou votações importantes para a base do governo. Na quarta-feira (21), o deputado Clécio Alves (Republicanos) que presidia a sessão, decidiu suspender a votação das matérias depois de novas agressões direcionadas à deputada.
Polícia da Alego precisou agir na quarta-feira
Além disso, a discussão continuou nos bastidores e só não desdobrou em agressão física porque os policiais legislativos interviram.
No ataque mais recente, o deputado chamou a parlamentar de “pedófila” porque Bia de Lima, que é solteira, afirmou durante uma entrevista que namora homens mais novos que ela quando quer.
Amaury Ribeiro retirou a fala do contexto e começou a acusar a deputada de pedofilia, crime que envolve abuso sexual de crianças e adolescentes. Sentado na mesa que conduzia a sessão, ele chegou a proferir frases provocativas como “vai cuidar dos seus novinhos, deputada”.
Deputada aponta violência
Indignada com os insultos, a parlamentar apontou falta de decoro e pediu apuração à Mesa Diretora. Nesta quinta, Bia de Lima classificou os episódios como “uma violência simbólica, verbal e ontem, por muito pouco, também não foi uma violência física”.
Ela ainda completou: “Enquanto mulher, mãe e professora, faço essa solicitação e isso não começou comigo, outras deputadas de Legislatura passada também tiveram de enfrentar essa situação”.
Deputado diz que é “vítima de bullying”
Já Ribeiro justificou sua solicitação contra Bia alegando “quebra de decoro parlamentar pelos tons de ameaça na sessão do dia 20 de maio” – na ocasião em que o assunto da entrevista de Bia surgiu, ela o ameaçou com a representação para cessar as ofensas.
Nesta quinta ele ainda insistiu no tom e acusou a colega de fazer “apologia à pedofilia” por causa da fala, mais uma vez sem contextualizar o assunto da entrevista. Por fim, Amaury Ribeiro alegou ser “vítima de bullying”.
Bruno cita Regimento Interno
Diante da situação, Bruno Peixoto disse as representações de Bia e de Amaury serão encaminhadas ao Conselho de Ética do Parlamento, conforme determina o Regimento Interno, e que tomará as providências cabíveis. “Esta casa não será mais omissa. Jamais aceiteramos esse tipo de divergência o debate entre ideias mas não vamos partir para o campo pessoal e sim vamos sair em defesa dos goianos é salutar, apontou.
Na manhã desta quinta-feira, após ter seu nome envolvido na situação por ter entrevistado Bia de Lima e falado sobre as preferências de relacionamento da deputada, a jornalista Ravena Carvalho pediu desculpas durante o Jornal da Sucesso, da Rádio Sucesso FM.
O jornalista Vassil Oliveira, que divide a bancada do jornal com Ravena, foi enfático ao dizer que não houve problema no que foi dito pela deputada durante a entrevista, em clima descontraído, “mas sim a forma distorcida com que a fala foi usada pelo parlamentar para atacar Bia de Lima”.
Diversas manifestações de políticos e organizações também foram publicadas em solidariedade a Bia de Lima depois das falas de Ribeiro, classificadas como violência política de gênero. Entre elas, a da deputada federal Adriana Accorsi, que se disse indignada com a falta de punição para esse tipo de atitude. Também se posicionaram os sindicatos dos servidores da Justiça (SindJustiça), do Ministério Público (SindiSemp), da Saúde (SindSaúde), dos Correios (Sintect-GO), entre outras organizações, inclusive fora de Goiás, como os professores do Rio Grande do Sul (CPERS).
Ambiente político sem respeito
Durante o Pequeno Expediente na Alego, o deputado Mauro Rubem manifestou preocupação com o ambiente político e fez um apelo por mais responsabilidade institucional por parte dos colegas e da Mesa Diretora. Além disso, criticou a repetição de discursos que, segundo ele, têm promovido ataques pessoais, especialmente contra Bia de Lima.
Também o líder do governo Talles Barreto (UB) subiu à tribuna para defender que os embates se limitem ao debate respeitoso de ideias para que a Casa possa caminhar de forma mais tranquila e dar continuidade ao bom trabalho.
Já o deputado Issy Quinan (MDB) pediu aos pares para acalmarem os ânimos e mantenham a boa convivência no Legislativo.
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