vários casos ocorridos em seis cidades; nove vítimas morreram.
Segundo a SSPAP, desde início do ano, foram mais de 10.300 queixas.
O mês de outubro foi marcado por casos de violência doméstica no estado. O G1 Goiás noticiou 11 histórias que envolvem mortes, agressões físicas ou cárcere privado que ocorreram em Goiânia, Anápolis, Vianópolis, Luziânia, Trindade e Senador Canedo. No total, os crimes resultaram nas mortes de nove vítimas do sexo feminino, sendo que a identidade de uma delas ainda está em fase de investigação. Além disso, outras três sobreviveram.
Até setembro deste ano, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), foram recebidas mais de 10.300 queixas de violência doméstica no estado. Em todo o ano passado, esse número chegou a quase 18 mil.
Só em Goiânia, segundo a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), foram presos, de janeiro até outubro, cerca de 400 agressores. A delegada Ana Elisa Gomes, titular Deam, diz que as mulheres denunciam cada vez mais os crimes, mas alerta que elas precisam ficar atentas aos primeiros sinais de agressividade dos companheiros.
“Quando há muito ciúme, fiscalização no celular, de redes sociais, exigência de determinados comportamentos e condutas, a vítima já deve ficar alerta. Na dúvida, ela pode procurar socorro, procurar a delegacia para que realmente ela saiba se está sendo vítima ou não de crime de violência doméstica”, alertou.
Já a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-GO e da Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica, Manoela Gonçalves, diz que há um descaso com a questão. “Lamentavelmente essa onde de violência doméstica que temos vivenciado acontece, muitas vezes, por falta de investimentos em políticas públicas para viabilizar o cumprimento de medidas protetivas contra as vítimas. Se permanecer esse descaso em relação a essa questão, ela só vai piorar”, disse.
Segundo ela, é preciso que a violência doméstica seja discutida nas escolas, pois isso vai gerar uma mudança de postura da população. “Existe um contexto machista na nossa sociedade, da dominação masculina sobre as mulheres, que só tende a aumentar. Para reverter isso, tem que ter uma educação desde a sala de aula, para que as crianças já cresçam entendendo que todos são iguais e que a mulher não é um objeto que pertence ao homem”.
Para reverter esse quadro, a OAB-GO está elaborando um projeto, que prevê a utilização de cartilhas educativas em salas de aula. “Serão abordados vários temas, entre eles violência doméstica, bullying, maus-tratos a idosos, entre outros. O objetivo é que esse material, que deve ser finalizado até o fim deste ano, seja aplicado a alunos do ensino fundamental e médio já a partir do ano que vem”, destacou Manoela.