Foram cumpridos 34 mandados de busca e sete pessoas foram presas. Cerca de 20 empresas que teria atuado desde 2013 em grupo para desviar dinheiro público são investigadas.
A sede de uma das empresas alvo de uma ação que apura fraudes em licitações de quase R$ 100 milhões abrigava um morador de rua, informou o Ministério Público de Goiás. A operação Sócio Oculto foi realizada na manhã desta terça-feira (6) e cumpriu 38 mandados de busca e apreensão e sete de prisão. O objetivo é comprovar a existência e desarticular uma suposta organização criminosa que teria atuado no estado desde 2013.
“Vários endereços dessas empresas funcionavam no mesmo local. Ou era uma casa residencial muito simplória ou era uma empresa que estava fechada há tempos. Em um dos casos, havia um morador de rua morando embaixo de um sobrado de uma empresa que não funcionava há muitos anos”, disse o promotor de Justiça Juan Borges de Abreu.
São investigadas cerca de 20 empresas que teriam atuado em um grupo com intuito de desviar dinheiro público. A operação ainda prendeu sete pessoas temporariamente em Goiânia e Aparecida. A promotoria não divulgou o nome dos presos, mas informou que, entre eles, há servidores públicos.
Conforme o promotor, essas empresas tinham a participação de funcionários laranjas e falsificavam diversos documentos para conseguir concorrer a licitações. A Justiça determinou bloqueio de R$ 25 milhões em bens.
“O somatório dos empenhos dos últimos seis anos chega a quase R$ 100 milhões. Lógico que ainda estamos fazendo um filtro para saber quais dessas licitações foram realmente fraudadas e quais foram reais”, informou o promotor.
As empresas investigadas são do ramo da engenharia e prestava serviços para construções asfálticas, praças públicas, ginásios de esportes, entre outras. Abreu informou que o superfaturamento nestas obras também está sendo investigado.
Buscas em galeria
Em um dos endereços, policiais militares e agentes do Gaeco estiveram em uma galeria comercial na rua T-38, do Setor Bueno, em Goiânia. Os agentes fecharam o centro comercial durante 5h e apreenderam vários documentos.
Os investigadores informaram que há pelo menos seis empresas instaladas na galeria que podem ter movimentado dinheiro do esquema criminoso.
“As empresas da galeria não fazem parte das licitações. Ao todo, foram feitas buscas em seis CNPJs, todos registrados no mesmo endereço como se fosse uma empresa apenas”, disse o promotor.
Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos no Distrito Federal e São Paulo, mas, segundo o promotor, não há indícios de que as empresas atuavam nas duas cidades.
Municípios investigados
Apesar de ter sido cumprido mandados em 10 municípios, o Ministério Público disse que, nesta primeira fase da operação, estão sendo investigados fraudes em apenas cinco deles.
“Neste primeiro momento a gente está apurando fraudes em alguns municípios, mas não quer dizer que a gestão atual tenha participação”, explicou Abreu.
Municípios
- Santo Antônio de Goiás
- Senador Canedo
- Nerópolis
- Uruaçu
- Alto Paraíso
Depois de analisar todos os documentos apreendidos, o MP deve denunciar os investigados pelos crimes de fraude em licitação organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
O que dizem os citados
Em nota, a Prefeitura de Santo Antônio de Goiás informou que as investigações no município são referentes à gestão anterior e que o município não recebeu qualquer notificação, requerimento ou diligência dos agentes e promotores que apuram as denúncias.
“Até o presente momento, não se tem conhecimento de qualquer fraude praticada em processos de licitação neste município conforme apontado nas publicações veiculadas, fato este que será devidamente esclarecido quando tomarmos conhecimento do objeto da denúncia e de seus envolvidos”.
A Prefeitura de Senador Canedo também informou que a atual gestão não é alvo da investigação e que está colaborando com o Ministério Público para elucidar todas as suspeitas de corrupção que possam ter ocorrido no município nas gestões passadas.
A Prefeitura de Nerópolis disse que todos os documentos apreendidos são do período de 2013 a 2016 e que uma das empresas investigadas assinou um contrato para obra da ampliação do Cemitério Municipal, em 2016. Informou ainda que ninguém da administração municipal é investigado e que apoia as investigações.
