Conselhos de Medicina e Enfermagem apuram denúncias de que médico trabalhou com Covid-19 em hospital de Goiânia

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Conselhos de Medicina e Enfermagem apuram denúncias de que médico trabalhou com Covid-19 em hospital de Goiânia
07-05-2020
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Técnica em enfermagem diz que, com essa atitude, outros funcionários também foram contaminados. Entidades farão vistorias na unidade.

Os conselhos regionais de Medicina e Enfermagem investigam denúncias de que um médico estava trabalhando mesmo diagnosticado com coronavírus, em um hospital particular de Goiânia. Com isso, ele teria infectado outros funcionários. Na mesma unidade de saúde, uma idosa morreu com Covid-19, e a família denuncia que ela contraiu enquanto tava internada .

Uma técnica de enfermagem da unidade testou positivo para coronavírus e afirma que um médico espalhou o vírus ao trabalhar doente. “Eu achei muita falta de responsabilidade dele vir trabalhar e contaminar todo mundo. A equipe de enfermagem quase toda está infectada. Eu estou sentindo muita dor nas pernas, parece que vai quebrar. Olfato, paladar eu não tenho”, disse a profissional, sem querer ser identificada.

 entramos  em contato às 8h, por email e telefone, com o Hospital Jacob Facuri e com a Central Vida, empresa que administra a UTI da unidade, mas ninguém da direção foi localizado até o momento para comentar sobre as denúncias. Em relação à morte da paciente, o hospital informou, na quinta-feira (6), que iniciou o tratamento da idosa assim que identificou os sinas suspeitos de Covid-19, conforme os protocolos do Ministério da Saúde (veja a nota completa ao fim do texto).

O Conselho Regional de Enfermagem (Coren) informou que recebeu denúncia sobre solicitação de desinfecção de UTI do hospital Jacob Facuri e de profissionais de enfermagem testados positivos para Covid-19 ainda em posto de trabalho. O órgão informou que vai até o local averiguar os fatos, mas não informou a data da vistoria para manter o sigilo da fiscalização.

A entidade ainda solicitou uma investigação e adoção das medidas cabíveis para o Conselho Regional de Medicina (Cremego) sobre a denúncia envolvendo o médico na unidade.

Já o Cremego informou que desconhece as denúncias envolvendo os técnicos e pacientes do hospital, mas que também fará uma vistoria na unidade para verificar as condições de funcionamento e de trabalho dos médicos.

Conforme a infectologista Juliana Caetano, muitos profissionais estão contraindo coronavírus por estarem na linha de frente de combate à doença. Muitas vezes, atendem pacientes que chegam aos hospitais com outros problemas de saúde, mas estão com Covid-19 e não sabem, pois não tiveram sintomas. Com isso, acabam espalhando o vírus sem saber.

A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) explica que é impossível garantir 100% de proteção aos trabalhadores devido às características do vírus. “As pessoas às vezes manifestam a patologia cinco, sete dias depois, e você tem dificuldade de descobrir onde foi que ela pegou. Então, hoje, ele tem o caráter comunitário. É uma doença altamente contagiosa e que meios normais de proteção às vezes não têm funcionado”, disse Haikal Helou, presidente da entidade.

Em Goiânia, até esta quinta-feira (7), 33% dos casos confirmados para Covid-19 são de trabalhadores da saúde. Em Aparecida de Goiânia, o índice, até então, é de quase 60% do total de testes positivos. A infectologista ressalta que os profissionais precisam reforçar os procedimentos de prevenção à doença em todas as etapas.

“Muitos profissionais de saúde têm se contaminado na desparamentação. Às vezes, você dá uma relaxada após ter acabado o atendimento e esquece que desparamentar é tão importante quanto estar com os equipamentos”, orienta Juliana.

Paciente

A neta de uma idosa que morreu na UTI da unidade disse que a paciente contraiu o coronavírus enquanto estava internada. Familiares que acompanhavam a idosa também testaram positivo para a Covid-19.

Maria Rodrigues foi internada com pneumonia e infecção renal. Neta da idosa, Brenda Rodrigues diz que a avó apresentou melhoras e tinha até previsão de alta médica, mas depois foi piorando e apresentando os sintomas de coronavírus. Ela morreu após um mês internada.

“No hospital mesmo, ela foi contaminada. Isso a gente tem certeza. O médico de lá nos afirmou que ela foi contaminada lá”, disse.

Além de iniciar o tratamento contra a Covid-19 conforme os protocolos do Ministério da Saúde, o hospital havia alegado, também na terça-feira (6), que, como não havia leitos de isolamento disponíveis, a paciente foi regulada para o Hospital de Campanha, mas não foi possível fazer a transferência a tempo.

Veja a íntegra das notas

Conselho Regional de Medicina

Desde 24 de março, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) mantém um canal direto para o recebimento de informações sobre a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e falhas nas condições de funcionamento em unidades de saúde goianas neste período de pandemia e tem fiscalizado regularmente todas as denúncias recebidas. Mas, o Cremego desconhece essas denúncias envolvendo médicos e pacientes do Hospital Jacob Facuri. A partir desta informação da imprensa, o Conselho fará uma vistoria na unidade para verificar as condições de funcionamento e de trabalho dos médicos.

Conselho Regional de Enfermagem

O Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) informa que recebeu denúncia sobre solicitação de desinfecção de UTI do Hospital Jacob Facuri e de profissionais de enfermagem testados positivos para Covid-19 ainda em posto de trabalho. O órgão irá até o local averiguar os fatos. Entretanto, a data não pode ser informada para garantir o caráter de fiscalização.

Sobre denúncia de médico testado positivo para Covid-19 e exercendo suas atividades na unidade, o Conselho encaminhou na última segunda-feira, 4/4, ofício para o Conselho Regional de Medicina de Goiás solicitando averiguação e medidas cabíveis.

Hospital Jacob Facuri

A paciente em questão foi admitida no hospital com quadro infeccioso pulmonar e urinário. Durante a internação evoluiu com a Síndrome Respiratória Aguda sendo realizada tomografia de tórax que evidenciava sinais sugestivos de COVID-19. Foi prontamente incluída no plano de contingência do hospital para COVID-19, sendo iniciado tratamento conforme os protocolos do Ministério da Saúde e OMS. Como não haviam leitos de isolamento disponíveis pois já estavam ocupados, a paciente foi regulada e encaminhada ao Hospital de Campanha.

Reitero que o caso foi notificado a vigilância sanitária seguindo todos os critérios recomendados e a família plenamente orientada. Uma vez que para o Hospital de Campanha só vão pacientes suspeitos ou confirmados, e até o momento da transferência não tínhamos o resultado positivo para o coronavírus, pois estava em andamento.

Reafirmamos o nosso compromisso com a transparência e uma assistência de qualidade para todos os pacientes.

Diretoria Médica

Maria Rodrigues morreu em UTI de hospital em Goiânia — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Contato: (62) 992719764
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