Entrada de acompanhante, uso de luvas em exames e mais: saiba o que é permitido e o que é proibido durante uma consulta ginecológica

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Entrada de acompanhante, uso de luvas em exames e mais: saiba o que é permitido e o que é proibido durante uma consulta ginecológica
03-08-2023
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Médicas ginecologistas e obstetras explicaram passo a passo de como funciona uma consulta. Entenda como são feitos os exames no consultório e os principais alertas.

Seja para um acompanhamento rotineiro ou para detectar doenças graves, como o câncer no colo do útero, a consulta ginecológica é indispensável na vida da mulher. No entanto, a quantidade de casos de crimes sexuais registrados em consultas e procedimentos médicos, como o ginicologista de Goiânia investigado pela policia civil por ter abusado de pelo menos de 16 mulhres  tem preocupado pacientes.

Por isso, para entender como se proteger e se prevenir,  conversamos  com as médicas ginecologistas e obstetras Daniela Izaías de Azevedo Mendonça (CRM-GO 20695), Leandra Campos Barbosa (CRM-15933) e Mariana Lobo (CRM-20221), que explicaram passo a passo de tudo o que é permitido e o que é proibido durante uma consulta, como a entrada de acompanhantes, o uso de luvas durante exames e mais.

“Tenha referências de outras pacientes na hora de escolher seu médico […]. E se achar que houve alguma coisa, não deixe de denunciar, porque vai salvar outras pessoas de estar passando por esse constrangimento”, disse a médica Daniela Azevedo.

Entrada de acompanhantes

entrada de acompanhantes, de acordo com as especialistas, é de direito da paciente, mas não é obrigatória. Assim, fica a critério da menina ou da mulher, se ela deseja que alguém entre na consulta com ela para acompanhá-la ou não.

A ginecologista Daniela Azevedo explica, inclusive, que o acompanhante da paciente não necessariamente precisa ter grau de parentesco com ela para acompanhá-la em uma consulta. O acompanhante é de preferência da própria paciente. Assim, se ela desejar ter uma amiga como acompanhante, por exemplo, ela pode.

“Se a paciente desejar, ela tem direito a acompanhante durante a consulta e durante o exame físico, mas isso fica a critério da paciente. Se ela não desejar acompanhante, ela não é obrigada a ter”, afirmou.

A médica, inclusive, pontuou que as pacientes devem ficar alertas para profissionais que ficam resistentes em deixar os acompanhantes a participarem das consultas.
Sistema reprodutor feminino — Foto: Divulgação

Pacientes menores de 18 anos

Assim como os demais pacientes, a entrada de acompanhantes para menores de 18 anos é um direito, mas é opcional, ficando a critério do próprio adolescente. Por isso, caso a paciente deseje realizar a consulta sozinha, também é de direito dela.

A ginecologista Mariana Lobo explicou que, o médico só tem necessidade de informar os responsáveis desse paciente, se houver algum risco à saúde desse paciente.

“De qualquer forma, para eu informar os responsáveis, eu tenho que conversar com esse paciente antes, então em uma consulta de adolescente, a gente procura deixar a pessoa bastante a vontade de acolher as queixas dele”, explicou a ginecologista.

Para exemplificar, a médica Leandra Campos detalha que, por exemplo, se pacientes menores de 18 anos confidencializarem terem tido relações sexuais e pedirem que a informação não seja revelada aos pais, ela deve manter a a informação entre elas. Já quando caso ocorra uma gravidez ou a adolescente contraia alguma doença sexualmente transmissível, causando risco a sua saúde ou a do bebê, a médica explica que precisa informar os responsáveis.

“Se for, por exemplo, uma paciente de 14 anos que está grávida, que diz que não quer que conte pra mãe. Eu sou obrigada a contar. Se ela tem 14 anos, por exemplo, teve relação, e só fala pra mim que não quer que conte pra mãe dela [sem ter a gravidez], eu não vou contar, porque isso não vai causar riscos e vida pra ela”, completou.

Duração das consultas

De acordo com a Polícia Civil, o ginecologista que foi indiciado pelos crimes sexuais contra pelo menos 16 mulheres teria estuprado uma adolescente de 14 anos em uma consulta que teve duração de três horas. Por isso, questionamos  as médicas entrevistadas para entender se há uma duração “média” que essas consultas ginecológicas costumam durar.

As ginecologistas detalharam que a duração da consulta depende de cada paciente, no entanto, reforçaram que costuma existir uma média de tempo em que o atendimento costuma acontecer.

“Uma consulta ginecológica costuma ser 30 minutos, um pouco mais se for uma pré-natal. Mais de três horas não existe. Não tem o que perguntar e muito menos o que examinar em três horas”, explicou Leandra.

Para a médica Mariana Lobo, esse tempo varia entre 30 a 40 minutos, podendo se estender um pouco mais caso seja uma consulta pré-natal. Já para a ginecologista Daniela Azevedo, esse tempo pode variar de 30 minutos até uma hora.

“Mais do que isso talvez seja uma consulta mais prolongada”, disse Daniela.

Como funciona uma consulta ginecológica?

Uma consulta ginecológica pode ser dividida em duas etapas, segundo a ginecologista Mariana Lobo. Ela explicou que, quando a paciente chega no consultório, inicialmente é feita uma breve “entrevista”, que é chamada de “anamnese”.

“Vamos colher a amnamnese, fazer a história clínica dessa paciente, acolher as queixas dela, conhecer sobre os antecedentes patológicos, familiares, os medicamentos que ela faz uso, padrão menstrual, uso de métodos contraceptivos, histórico obstétrico. Acolher a principal queixa que levou a paciente na consulta”, resumiu a médica.

Em seguida, são realizados os exames físicos e ginecológicos.

Exames

A ginecologista Daniela Azevedo pontua que os exames dentro de uma consulta ginecológica iniciam com exames gerais, que poderiam ser feitos um clínico geral, por exemplo. Entre eles, a ausculta pulmonar e cardíaca (para ouvir os ruídos do pulmão e coração), medição da pressão, entre outros.

Já quanto aos exames ginecológicos, ela conta que, durante a consulta, é feito o exame clínico da mama. Normalmente, ele é feito com palpação com o objetivo de buscar possíveis nódulos ou alterações no local. Ainda com palpação, é feito o exame do abdômen e, por fim, o exame ginecológico.

De acordo com a médica, o exame ginecológico é feito através da observação de aparelhos, que veem a parte interna da vagina e o colo do útero, e até mesmo o exame de toque, que avalia alterações de aderência do útero.

A médica Mariana Lobo explicou que os exames físicos, como o da mama e o do abdômen, costumam ser feitos por ela sem luva. No entanto, ela esclareceu que todos os outros exames no qual o médico vai entrar em contato com as secreções da paciente, é necessário utilizar uma luva de proteção.

“É uma segurança para mim e é questão de higiene para paciente também, para fazer toque, colher preventivo”, disse a médica Mariana.

A ginecologista e obstetra Daniela Azevedo ainda frisa pela importância de garantir a privacidade da paciente no momento da realização dos exames.

“O primordial para fazer o exame da paciente é resguardar a segurança e a privacidade da mesma, então a paciente tem que estar usando avental e a gente vai descobrindo as partes a serem examinadas aos poucos, não deixando a paciente desnuda e constrangida”, acrescentou Daniela.

“O mínimo que se tem que fazer é usar luva para examinar a genitália. Para examinar a mama não é necessária a luva”, complementou.

Exame de toque

Durante investigação da Polícia Civil a crimes sexuais ocorridos durante consultas, diversas pacientes relataram que os abusos aconteceram durante o exame de toque, que serve para identificar os órgãos pélvicos, com o útero, colo do útero e ovários.

De forma detalhada, a médica Daniela Azevedo explicou que o exame de toque é feito pelo médico utilizando de um a dois dedos. Ela pontua que o exame precisa ser feito de forma rápida, sem carícias e sem tocar no clitóris da paciente.

“O médico vai tocar mesmo é o fundo da vagina da paciente com esse toque. Ele procura achar onde está o colo do útero, examina essa região e em questão de segundos ele já tira a mão”, detalhou.

Ela ainda alertou que, se o toque estiver muito demorado, tendo carícias no clitóris e movimentos de entrar e sair, não é um toque habitual.

A médica Leandra Barbosa disse que o exame de toque não costuma ser um exame feito em “consultas de rotina”, e pontuou que depende da queixa da paciente.

“Dependendo da queixa dela, podemos fazer um [exame de] toque bimanual para avaliar se tem alguma nodulação pélvica. É dependendo da queixa que a gente examina. Eu não faço [exame de] toque de rotina, é mais voltado para a queixa da paciente”, afirmou Leandra.

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