Juiz manda bloquear dinheiro e carros de ex-prefeitos e empresas por falhas na obra da Câmara Municipal de Anápolis

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Juiz manda bloquear dinheiro e carros de ex-prefeitos e empresas por falhas na obra da Câmara Municipal de Anápolis
21-04-2018
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Decisão também atinge ex-secretários, ex-presidente da Casa e um engenheiro. Montante soma R$ 1,6 milhão. Cabe recurso.

juiz Carlos Eduardo Rodrigues de Sousa determinou o bloqueio de dinheiro e de carros de seis pessoas – incluindo dois ex-prefeitos e dois ex-secretários de Obras – por irregularidades nas obras de reforma e ampliação da sede da Câmara Municipal de Anápolis. Entre os problemas apontados estão “lacunas” em pontos que deveriam ser interligados e vigas que impedem que as pessoas fiquem em pé nas salas.

As empresas envolvidas nas licitações, Albenge Engenharia e Pharcons, também foram incluídas no pedido. Juntando tudo o que foi “congelado” nas contas dos réus, os valores soma, R$ 1.638.528,40. A decisão é do dia 17 de abril, e dela cabe recurso.

 Lacuna entre partes do prédio da Câmara Municipal de Anápolis; problema é citado em denúncia do Ministério Público de Goiás contra ex-prefeitos (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

tentamos  contato com todos os citados. Ex-prefeito da cidade, o vereador Antônio Gomide (PT) disse que, mesmo sem ter sido notificado, vai recorrer da decisão. Também ex-prefeito, João Gomes (PP) afirmou que não foi comunicado oficialmente e não quer comentar o caso. Ex-presidente da Casa e atualmente vereador, Lisieux José Borges (PT) não retornou o contato.

O ex-secretário de Obras Clodoveu Reis disse que também não foi notificado, mas disse que não era secretário na época em que as irregularidades foram apontadas. A reportagem não conseguiu falar com o ex-secretário Leonardo Viana e a empresa Albenge Engenharia. A Pharcons informou que não se pronunciaria.  não conseguimos localizar a defesa do engenheiro Pedro Paulo Fonseca Prado.

Valores bloqueados das contas dos acusados de irregularidades nas obras da Câmara Municipal de Anápolis (Foto: Reprodução)

As obras começaram em abril de 2015, após licitação feita ainda na gestão de Antônio Gomide. A obra foi estimada em R$ 17.103.870,04 e tinha dois anos para ser concluída. Um dos objetivos era que ela tivesse uma conexão com a antiga sede.

De acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO), autor da denúncia, o projeto arquitetônico elaborado pela Pharcons e o projeto estrutural da Albenge continham “erros graves de engenharia que prejudicaram a regular execução da obra e geraram paralisia do empreendimento”. Ainda assim, todos os agentes públicos o validaram.

A obra foi abandonada em abril de 2016, com apenas 42,06% do que foi contratado. Pelo serviço, já haviam sido pagos R$ 7.194.684,37.

Com isso, as atividades da Casa precisaram passar para cinco prédios alugados. O custo com isso, até hoje, segundo o MP-GO, foi de R$ 638.528,40.

Para o promotor responsável pela denúncia, Arthur José Jacon Matias, os gestores não se preocuparam em aplicar o dinheiro público da forma correta. O grupo é acusado de improbidade administrativa.

“No entendimento do MP, todos esses erros e equívocos na execução da obra configuraram ato de improbidade porque revelam imperícia, descuido com bens e recursos públicos e falta de zelo na gestão, além de desídia por parte de quem deveria controlar e fiscalizar a regularidade da execução do projeto.”

Obra da Câmara Municipal de Anápolis, parada desde 2016 (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

“Em relação às empresas, pesa a mesma acusação, em razão da responsabilidade pela elaboração equivocada dos projetos arquitetônico e estrutural”, disse o órgão em nota.

Por e-mail, a Prefeitura de Anápolis disse que realizou uma auditoria de execução e medição de toda a obra e que encaminhou os dados ao

MP-GO. As penalizações ficarão a cargo apenas do judiciário.

“Se constatadas falhas no projeto, será pedido o reembolso”, afirmou a Prefeitura.

 também tentamos  contato com a Câmara Municipal, mas não obteve respostas.  o presidente da Casa, Amilton Júnior (SD), disse haver planos de retomada da obra.

“Nossa expectativa é que a licitação seja publicada até o final de maio, para que seja iniciada no início do segundo semestre, e o prazo de conclusão iria aí, pelo menos, mais uns oito meses”, afirmou.

Falhas na obra

Entre os problemas detectados pelo MP-GO na realização da construção está, por exemplo, a edificação do pé-direito com altura muito abaixo da permitida pelas normas legais. Segundo o órgão, essa situação inviabiliza a ocupação e utilização de parte do prédio.

O problema ocorre em parte do auditório do Plenário, na sala de reunião das comissões, no foyer do plenário e na área de circulação do primeiro pavimento. O pé-direito efetivo na obra ficou em 2,10 metros – o recomendado pelas normas técnicas é de 2,25 metros. Por causa de vigas, a altura fica ainda menor.

O MP-GO enumera outras falhas constatadas na execução do serviço: furos irregulares nas vigas de concreto para colocação da instalação hidrossanitária; e ausência de sistema de impermeabilização para proteção contra umidade do solo.

Também foram citadas falhas na montagem das armaduras, a ponto de expor ferragens na parede externa que circunda parte do prédio; presença de nichos de concreto que prejudicam a durabilidade das estruturas; e existência de fissuras na alvenaria decorrentes de provável movimentação estrutural.

População questiona

O carpineiro Antônio Estêvão de Rezende criticou a situação. “A promessa foi que ia ficar pronto há uns dois anos, e nunca ficou.”

Uma mulher ouvida pela nossa reportagem  também demonstrou insatisfação com a situação. “Revoltante, demasiado revoltante”, afirmou.

Já um homem ouvido pela reportagem resumiu o caso: “Dinheiro nosso jogado fora”.

Na denúncia, o MP-GO cita que a obra, abandonada, virou morada para vândalos.

Contato: (62) 992719764
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