Hospital de Urgências de Goiânia tem até quarta-feira para apresentar um plano de emergência para diminuir admissão de pacientes; segundo servidores, faltam itens como soro e agulha. OS e SES-GO ainda não se pronunciaram.
A Superintendência Regional do Trabalho no Estado de Goiás (STRE/GO) determinou nesta segunda-feira (24) a interdição das atividades médicas, de enfermagem e farmacêuticas no Hospital de Urgências de Goianésa (Hugo). Segundo o parecer, emitido após uma auditoria, a unidade sofre com falta de medicamentos e insumos que “colocam em risco grave, iminente e recorrente” a vida dos profissionais que atual no local.
tentamos contato com o Instituto Gerir, Organização Social (OS) que administra o Hugo, e com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), ambas por email, respectivamente às 13h43 e 13h46, e aguarda retorno.
Por conta da interdição, o Hugo precisa apresentar, até a próxima quarta-feira (26) um plano de emergência para reduzir a admissão de novos pacientes, além de criar “protocolos emergenciais” para que os pacientes internados sejam atendidos dentro do previsto pelas regras de segurança do trabalho.
No documento, consta que a Auditoria Fiscal do Trabalho recebeu, na última quarta-feira (19) denúncias de médicos, enfermeiros e farmacêuticos do Hugo sobre a falta de insumos, o que prejudica o correto exercício das atividades.
No dia seguinte, uma equipe do SRTE/GO, juntamente com representantes fiscais do Conselho Regional de Farmácia de Goiás (CRF-GO) foram até o hospital para verificar as denúncias e lá constaram que as mesmas procediam.
Em conversa com os diretores, os fiscais foram informados que a falta de repasse dos recursos por parte do governo – ou, em alguns casos, o fracionamento do valor – tem “prejudicado gravemente a aquisição de medicamentos e insumos”. Por isso, a direção precisa “escolher” quem pagar.
“Constatamos que há uma dívida grande da Secretaria de Saúde com a OS, comprometendo o funcionamento da unidade e o trabalho seguro. Esse valor gira em cerca de R$ 20 milhões”, disse ao G1 a auditora fiscal do trabalho Jacqueline Carrijo.
Uma reunião deve ser realizada nesta tarde, no Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) com os envolvidos para discutir a questão.
Equipamentos básicos
Médicos e enfermeiros também foram questionados sobre a ausência de insumos e confirmaram a ausência de materiais básicos para realização de procedimentos.
Uma enfermeira afirmou que faltam antibióticos, remédios como dipirona, soro, seringa e agulhas. Essa questão, segue o relato, gera até mesmo “cancelamento de cirurgias”. Além disso, quando não há um item específico, eles tentam ajudas para outro similar.
Outra profissional salientou que falta gaze e que, quando o médico precisa de um medicamento e liga na farmácia “prescreve o que tem e não o que precisa”.
Outra questão apontada foi a falta de médicos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo os depoimentos, o “acúmulo de tarefas somado à carga de trabalho do médico da UTI do Hugo potencializa os riscos de acidentes do trabalho e acidentes envolvendo os pacientes”.