Alemão é apontado como líder de quadrilha que explodia caixas eletrônicos.
Para a polícia, foragido de MG praticava o ‘novo cangaço’ em seus crimes.
A operação que desarticulou uma quadrilha especializada em assalto a caixas eletrônicos prendeu um dos criminosos mais procurados do país, segundo a Polícia Civil de Goiás. Newton Moreira, conhecido como Alemão, é apontado pela investigação como o líder do grupo. “É um sujeito perigoso. Ele praticava uma modalidade que a gente chama de novo cangaço e espalhava o terror no interior do estado”, disse ao G1 o delegado-chefe do grupo antirroubo a banco da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), Valdemir Pereira da Silva.
Alemão está entre os 12 presos na quarta-feira (25) suspeitos de integrar o grupo responsável por nove de cada dez roubos a caixas eletrônicos em Goiás. Condenado por roubo a banco, Alemão estava foragido de um presídio em Minas Geraise chegou a aparecer na lista de procurados do programa Linha Direta, exibido durante vários anos pela Rede Globo. Cinco pessoas da quadrilha ainda estão foragidas.
Imagens divulgadas pela polícia (veja vídeo acima) mostram Alemão em uma reunião de planejamento de uma dessas explosões. Os homens estão em um bar e definiam como entrariam uma agência de Matrinchã, no noroeste goiano. “E planejavam sequestrar os dois militares que trabalhavam na cidade, incendiar a viatura e usar as pessoas que estivessem no banco como escudo humano durante a fuga”, disse o delegado. A ação foi impedida por uma operação da polícia.
Esse tipo de ação, segundo Valdemir, é um exemplo do novo cangaço, como ocorreu na cidade de Cavalcante, cidade turística no nordeste de Goiás, em fevereiro deste ano. Para evitar uma situação aprecida em Matrinchã, o grupo antirroubo a banco,
reforço do GT3 reforçaram o patrulhamento na cidade durante dois dias. “Mostramos a nossa cara, o que intimidou a ação dos bandidos”, afirmou Valdemir.
Vídeos e escutas
Imagens cedidas pela polícia mostram o grupo saindo de um banco em Campinorte, a 320 quilômetros de Goiânia, logo após a explosão, na terça-feira da semana passada. Encapuzados, os ladrões usam lanternas e carregam armas e malas
dinheiro. Os criminosos disparam para o alto, para intimidar os moradores da cidade. A agência ficou completamente destruída.
Escutas telefônicas gravadas com autorização da Justiça revelam negociações para compra de explosivos. Um dos criminosos pergunta: “Você tem preço desse aí? Quero comprarumas vinte em dinheiro… desse canal que você comprou lá, tem mais?”. O outro responde que sim, mas explica que o fornecedor “não é da cidade”: “Nós temos uns dez quilos alí, você entendeu?”.
Em outra gravação, um dos suspeitos fala com uma informante sobre o horário de abastecimento do caixa eletrônico. Também dá detalhes de quantos são e como atuam os funcionários do carro-forte abastece o terminal bancário.
Apreensões
A operação apreendeu 7 carros, 14 armas, explosivos e até roupas usadas pelos criminosos para se camuflar no mato após os arrombamentos. Em poder da quadrilha, a polícia recolheu cerca de R$ 6 mil em dinheiro. As notas, muitas deles de R$ 100, tinham rasgados e sinais de pólvora.
As marcas nas notas geraram até reclamação de um dos assaltantes, como mostra uma conversa telefônica interceptada durante a investigação. “Não tá compensando mexer não porque está tingindo tudo”, diz um dos suspeitos.
O outro suspeito insiste e dá uma dica do próximo alvo da quadrilha. “Você conhece uma cidade com o nome de Cocalzinho? Essa está boa de trabalhar, só fica dois numa viatura”, revela.
Mas o primeiro suspeito responde que o problema não é o fraco policiamento e reforça: “A questão é que está pichando, está tingindo, aí não compensa.
dei um bote ali, foi mais de cem conto só de tingida”.
Mesmo com as notas marcadas, as explosões não pararam. Apenas em 2013 foram registrados 86 ataques a caixas eletrônicos em Goiás. A polícia acredita que o grupo foi responsável por 90% deles.
Só em Goiás a polícia levantou que a quadrilha agiu nas cidades de Campinorte, Estrela do Norte, Vianópolis, Gameleira, São Miguel do Passa Quatro, Leopoldo de Bulhões, Mossâmedes e Cocalzinho. O grupo também teria agido no Distrito Federal e Triângulo Mineiro.
De acordo com a polícia, a captura dos criminosos foi possível após três meses de investigações. Dos 12 integrantes presos, um está internado em um hospital em Uberlândia, Minas Gerais, onde trata ferimentos sofridos durante uma explosão.