Empresário preso em SP por fraudes em jogos do Campeonato Brasileiro era quem fazia apostas e intermediava contatos com jogadores, diz MP

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Empresário preso em SP por fraudes em jogos do Campeonato Brasileiro era quem fazia apostas e intermediava contatos com jogadores, diz MP
16-02-2023
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Bruno Lopez de Moura seria um dos responsáveis por dar ‘sinal’ de R$ 10 mil para jogador do Vila Nova para que fosse provocado pênalti em jogo. Após marcação não ser feita, ele teria passado a cobrar até mesmo o presidente do clube pelo prejuízo na aposta.

O empresário Bruno Lopez de Moura, que foi preso em São Paulo suspeito de participar de um esquema que fraudva resultdos dos  jogos, era quem fazia as apostas esportivas e intermediava contatos com os jogadores, segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO). Ele seria um dos responsáveis por entrar em contato com um jogo do Vila Nova e pagar um sinal de 1o mil para que fosse provocado um pênalti no primeiro tempo de jogo.

“Ele atua nessa frente, ele é o responsável por realizar, de fato, a aposta, por também promover contato direto com os jogadores, por também fazer a cobrança, o que deu errado”, contou o promotor de Justiça Fernando Martins Cesconetto.

Até a última atualização desta reportagem,  não havia obtido contato com a defesa do suspeito para que se posicione.

Bruno foi preso temporariamente na terça-feira (14), durante a operação, que foi batizada de Penalidade Máxima. A prisão temporária tem duração de até cinco dias e o MP explicou que essa ação era necessária para evitar que a investigação fosse prejudicada. A operação ainda cumpriu nove mandados de busca e apreensão em Goiás e outros estados.

Segundo o Ministério Público, um jogador do Vila Nova, que também é investigado por participar do esquema, recebeu um “sinal” de R$ 10 mil para provocar um pênalti no primeiro tempo de jogo. Se o pênalti fosse marcado – o que não aconteceu, ele receberia mais R$ 140 mil. Como a marcação não foi feita, o apostador teria começado a “cobrar” o jogador pelo prejuízo na aposta.

“Como no jogo do Vila Nova não houve o pênalti, mas houve o pagamento do sinal para atleta envolvido, o apostador passou a cobrar excessivamente o atleta pelo prejuízo causado, já que em outros dois jogos houve o pênalti e os atores envolvidos esperavam receber, cada um, R$ 150 mil”, completou o promotor.

Em entrevista o presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo , que também é major da Polícia Militar, contou que ficou sabendo da suposta fraude após o próprio apostador entrar em contato com ele, em novembro de 2022, pedindo que ele cobrasse do jogador, alegando que teve um prejuízo de cerca de R$ 500 mil.

“Essa pessoa, por incrível que pareça, passou a entrar em contato comigo me pedindo cobrar do atleta, que tinha recebido o dinheiro, a devolução daquele dinheiro. Ele alegava que aquele fato teria gerado um prejuízo de aproximadamente meio milhão para ele”, disse o presidente do Vila.

 Operação do MP investiga fraude em resultado de jogos do Campeonato Brasileiro, em Goiás — Foto: MP/Divulgação

Como funcionava o esquema

O MP explicou que o esquema funcionava da seguinte forma: os apostadores faziam propostas para atletas marcarem pênaltis nos primeiros tempos de cada jogo. Caso os jogadores aceitassem, era feito o pagamentos do “sinal”. Após a partida, caso o pênalti tivesse sido feito, os jogadores receberiam o restante do valor combinado.

A partida que teria envolvido jogadores do Vila Nova foi de um jogo do time goiano contra o Sport, ocorrido em 2022. Além deste jogo, outros dois são investigados pelo MP: Sampaio Correia x Londrina e Tombense x Criciúma, ambos do mesmo ano.

No caso dos três jogos investigados pelo MP, teria havido a combinação de que, caso os jogadores marcassem pênaltis no primeiro tempo, eles receberiam a quantia de R$ 150 mil, sendo R$ 10 mil pagos antes, como um “sinal”, e os outros R$ 140 mil pagos após o resultado obtido.

Segundo o promotor, nos jogos de Sampaio Correia x Londrina e Tombense x Criciúma os jogadores marcaram os pênaltis, da forma havia sido combinada com os apostadores.

No entanto, no jogo do Vila Nova x Sport não houve a marcação, o que teria motivado a “cobrança” dos apostadores de jogador envolvido. O MP disse que o lucro estimado pelos apostadores era de R$ 500 mil a até R$ 2 milhões

“No jogo do Vila não teve o pênalti e os apostadores cobraram os jogadores a devolução do prejuízo causado”, disse.

Em nota, o Vila Nova Futebol Clube disse que auxilia na investigação, na condição de denunciante. A assessoria do Tigrão disse ainda que aguarda a manifestação do MP-GO com mais informações e “ressalta seu papel colaborativo e o compromisso com valores éticos, morais e de lisura que são princípios do clube e do esporte”.

Coletiva do Ministério Público de Goiás, em Goiânia, sobre esquema que fraudava resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro — Foto: Danielle Oliveira/g1

Operação do MP

A operação foi deflagrada na manhã desta terça-feira pelo MP, com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT).

A investigação começou em novembro de 2022 após uma denúncia feita pelo próprio Vila Nova, que é vítima no esquema, segundo o MP. Foram cumpridos um mandado de prisão em São Paulo (SP) e nove mandados de busca e apreensão em Goiânia, São João del Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).

Segundo o promotor, os envolvidos são investigados pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção em âmbito esportivo.

Os próximos passos da operação serão fazer interrogatórios de envolvidos e avaliação dos materiais arrecadados durante as buscas e apreensões ocorridas nesta terça-feira.

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