Polícia Civil de Goianésia investiga caso da jovem internada em UTI com doença da ‘urina preta’

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Polícia Civil de Goianésia investiga caso da jovem internada em UTI com doença da ‘urina preta’
13-07-2021
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Delegada disse que abriu inquérito para apurar eventual crime contra o consumidor. Jovem de 27 anos foi intoxicada com a Síndrome de Haff após comer peixe em restaurante.

A delegada Ana Carolina Pedrotti, de Goianésia, informou que vai investigar o caso da jovem Kelly Silva, de 27 anos, que se contaminou com a toxina que provoca a doença da “urina preta”, após comer peixe em um restaurante da cidade. A moça está internada em uma unidade de terapia intensiva há duas semanas  (UTI) para tratar a doença que causou paralisia muscular e problemas nos rins.

“A polícia vai iniciar uma investigação a fim de saber se ocorreu algum tipo de crime contra o consumidor e apurar eventual responsabilidade”, explicou a delegada.

O restaurante onde a jovem comeu peixe cru, prato da culinária japonesa, disse à TV Anhanguera que “não sabe qual pescado desencadeou a doença, que tudo dentro do local está dentro dos padrões estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e que está a disposição para quaisquer esclarecimentos”.

O Ministério da Saúde informou, em nota, que a Síndrome de Haff não é de notificação compulsória. O monitoramento de casos é realizado por meio de comunicados dos estados.

“Em 2020, a Secretaria Estadual de Saúde da Bahia notificou 46 casos, sendo 40 foram confirmados; em 2021, há dois casos em investigação no estado baiano. Neste ano, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco notificou quatro casos e um deles evoluiu para óbito”, diz o comunicado.

Paralisia muscular

Familiares da jovem disseram que ela comeu comida japonesa com uma prima antes de sentir os sintomas, em 24 de junho.

Kelly Silva foi carregada para o hospital por causa da paralisia nos músculos, conforme contou a mãe dela, Maria da Conceição.

“Nem a cabeça ela conseguia levantar, era uma fraqueza muito grande. Ela começou com sensação de desmaio e foi perdendo muita força. Ela foi carregada para o hospital porque não conseguiu ir com as próprias pernas”, lamentou a mãe.

Segundo o pai da jovem, Nivaldo Carlos da Silva, ela perdeu as forças nos membros do corpo e, com o agravamento dos sintomas, chegou a não ter mais movimentos nos pés e nas mãos. Ela está internada em Goiânia há duas semanas, após passar mal em 24 de junho.

“Ela está tendo de passar por hemodiálise todos os dias para ajudar os rins, que não estão trabalhando de forma adequada”, informou o pai.

Segundo a família, o estado de saúde dela é grave, mas reage bem ao tratamento. A segue na UTI, mas não está intubada.

Jantar

Ana Carla Vieira, prima de Kelly, disse que elas saíram para comer comida japonesa, em 23 de junho, como sempre costumam pedir em restaurantes da cidade. Horas depois, a jovem ligou dizendo que estava se sentindo mal.

“Ela me ligou contando que estava passando mal e já estava com quadro de vômito após comermos comida japonesa. Até então, ela falou que achava que era a comida que fez mal. A gente espera que seja feita investigação no local para que outras pessoas não passem por isso”, ponderou a prima.

Alerta na cidade

 

SMS de Goianésia enviou ofício a rede de saúde com alerta para pacientes com sintomas da doença da "urina preta" — Foto: Reprodução/SMS

A administração municipal enviou um ofício à rede de saúde da cidade, tanto pública quanto privada, com alerta para o atendimento de pacientes com sintomas da doença. Se alguma unidade atender moradores com suspeita da síndrome deve avisar à SMS imediatamente.

“Temos este caso até o momento, apenas. A doença se relaciona com a ingestão de peixes contaminados. As evidências trazem que é causada por uma toxina, portanto, afeta apenas quem ingere. Não há risco de transmissão de pessoa para pessoa”, relatou a secretaria.

O que é Síndrome de Haff?

De acordo com a SMS, a doença da “urina preta”, a Síndrome de Haff, é uma infecção bacteriana relacionada à ingestão de peixe cru ou cozido. A bactéria é transmitida por meio do consumo de uma toxina que fica na carne.

A doença é caracterizada pela destruição das proteínas musculares, provocando sintomas como a perda da força física, dor muscular, desmaios, febre e urina escura.

A forma como o animal é contaminado pela toxina que provoca a doença, no entanto, não é consenso entre especialistas. Alguns infectologistas dizem que a toxina é gerada pelo mau acondicionamento do pescado, mas outros afirmam que ela vem de algas consumidas pelo animal.

A infectologista Mariana Tassara explicou que a toxina pode ser desenvolvida em peixes crus ou cozidos, já que ela é termoestável, ou seja, não é eliminada em altas temperaturas. Porém, é uma situação rara.

“O acondicionamento desse peixe pode causar essa toxina que provoca a intoxicação alimentar. Por ser uma síndrome bem rara, não é preciso ter pânico”, esclarece a médica.

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