Washington Post’ repercute caso de servidora que fugiu de repórter

Capa » NOTÍCIAS » Washington Post’ repercute caso de servidora que fugiu de repórter
Washington Post’ repercute caso de servidora que fugiu de repórter
18-10-2015
Compartilhe agora:

Ela foi flagrada batendo ponto na Assembleia e indo embora sem trabalhar
Texto no site do jornal americano diz que vídeo causou ‘comoção nacional’.

O jornal norte-americano “The Washington Post” publicou em seu site uma matéria sobre a ex-funcionária pública Ednair dos Santos Moraes, que fugiu de uma repórter da TV Anhanguera após ser flagrada batendo ponto na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e indo embora sem trabalhar. Um vídeo mostra ela correndo após ser questionada sobre a situação. O texto tem o seguinte título: “Uma funcionária pública ‘fraudulenta’ é pega no ato, e o Brasil não consegue parar de assistir”.

A reportagem conta que o vídeo fala sobre funcionários do governo que “são pagos para fazer nada” e que a “imagem de uma servidora fugindo de uma repórter de TV provocou uma comoção nacional”. A matéria lembra que o vídeo inspirou um jogo de celular que teve mais de 600 mil downloads.

O texto narra o vídeo em que a ex-servidora é vista pela reportagem da TV batendo o ponto dois dias seguidos, passa em uma padaria logo depois e vai para casa.

No terceiro dia ela para para tomar um café e fica algumas horas em um parque próximo. Em seguida, a reportagem traduz para o inglês a entrevista com a funcionária, mantendo a palavra “senhora” sem tradução durante a transcrição.

A reportagem diz que “enquanto os âncoras franziam a testa em desaprovação, os brasileiros uivavam de tanto rir”. O texto destaca que o vídeo se tornou rapidamente um fenômeno da internet sendo reproduzido milhares de vezes e inspirando versões musicais da cena e até de animação gráfica, além de um jogo para celular chamado “Senhora, volta aqui”, em que a servidora tenta fugir da equipe de reportagem.

O site do Washington Post lembrou que a servidora trabalhava para o deputado Marlúcio Pereira (PTB) e que ela, junto com outro funcionário flagrado fazendo o mesmo, foram demitidos em seguida.

Lava Jato
Apontando para a seriedade escondida por trás da graça da situação, a matéria relaciona o fenômeno com a situação vivida pelo país em relação à exposição da corrupção. O texto afirma que “o Brasil está tendo um debate amplo sobre moralidade como reação a um escândalo de corrupção multibilionária”, no caso, a Operação Lava Jato.

A matéria destaca que as investigações já prenderam políticos, afetou a economia do país e “ameaça a presidente Dilma Rousseff enquanto ela batalha contra as tentativas de impeachment”. Segundo o site, os escândalos têm feito com que os brasileiros se questionem sobre as atitudes do dia a dia que podem levar à conduta corrupta, como o conhecido “jeitinho brasileiro”.

Inevstigação
A reportagem que mostrou servidores da Alego batendo ponto e saindo sem trabalhar foi veiculada no dia 28 de setembro deste ano (veja vídeo). A matéria da TV Anhanguera mostrou outros funcionários, além de Ednair, também batendo o ponto e indo embor

A Delegacia Estadual de Repressão a Crimes contra a Administração Pública (Dercap) instaurou um inquérito para investigar as denúncias sobre servidores que batem o ponto e vão embora sem trabalhar na Alego. As imagens exibidas pela TV Anhanguera e as folhas de ponto dos envolvidos serão analisadas.

O delegado Rômulo Figueiredo, responsável pelo caso, diz que, se as irregularidades forem comprovadas, os servidores e superiores podem ser indiciados.

“Todo servidor que se apropria da remuneração sem realizar a efetiva prestação de serviço pode ser indiciado pelo crime de peculato, que está previsto no artigo 312 do Código Penal, com pena prevista de dois a 12 anos de prisão. Os superiores imediatos coniventes também responderão por esse delito, na medida da sua culpabilidade”, afirmou.

Exonerados
No total, 21 servidores foram filmados deixando a Alego após bater ponto. No entanto, apenas Edinair e o servidor Hélio Evandro Silva de Oliveira, lotado no gabinete do deputado Valcenôr Braz (PTB), foram exonerados.

Braz informou que não é responsável por vigiar o horário de seus 30 assessores, mas que iria punir quem agir de forma incoerente. “Aqui em Goiânia algumas pessoas me pediram e eu o coloquei. Por coincidência, é o único funcionário meu que não é meu eleitor, isso é problema de cada um deles e, se errou, vai ser demitido”, disse o deputado.

 

Servidora foge correndo ao ser questionada se batia ponto e não trabalhava na Assembleia Legislativa de Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Servidora foge ao ser questionada se batia ponto e não trabalhava (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Outro assessor entrevistado na reportagem, Geraldo Marques não foi exonerado. Lotado no gabinete do deputado Paulo Cezar Martins (PMDB), ele atua como motorista e, segundo o Portal da Transparência, recebe R$ 9.879.

O chefe de gabinete do parlamentar, Ronni Cezar, defendeu a remuneração do servidor. “De acordo com a evolução do seu trabalho e de muitos outros que nos acompanham, permitiu que o deputado valorizasse cada vez mais seus servidores. Isso é um processo natural”, disse.

Mudanças
Após os flagrantes, a direção da Alego anunciou medidas para combater condutas irregulares. Entre as mudanças está a implantação de um sistema biométrico que vai substituir os crachás, ou seja, será feita a identificação por meio da impressão digital do funcionário. Ainda não há previsão para a instalação do sistema.

Além disso, o esquema de entrada e saída dos servidores mudou. Quem entra antes das 7h ou sai depois das 19h terá de passar pela portaria da Rua 29, ao lado do estacionamento. Já aqueles que trabalham entre 7h e 19h devem utilizar o acesso principal pela Alameda dos Buritis.

Uma sinalização feita com uma fita direciona o fluxo de pessoas na entrada da Alego. Agora, existe uma fila só para entrar e outra para sair. A Alego também informou que a movimentação dos servidores será monitorada por meio de câmeras de segurança e pela Polícia Legislativa. Por fim, uma avaliação trimestral dos funcionários, que deve ser elaborada e entregue por cada gestor, vai reforçar a fiscalização.

Fuga de servidora da Assembleia Legislativa de Goiás vira piada no blog de Hugo Gloss (Foto: Reprodução/Instagram)

“Esse decreto determina que o servidor seja avaliado pelo seu chefe imediato nos 15 dias após o trimestre. Vai olhar a questão da frequência, do desempenho e do relacionamento com os demais membros”, diz o presidente da Alego, deputado Hélio de Souza (DEM).

Os servidores aprovaram as alterações. “Acho que essas mudanças na recepção, no atendimento, tudo é válido”, disse o assessor parlamentar Edésio Alves.

Para a assessora parlamentar Bruna Caetano, caso a saída do servidor seja validada com o gestor, não há problemas. “Acredito que se for demonstrada a liberação do deputado, chefe de gabinete, a saída dos servidores será normal”, disse.

 

 

Contato: (62) 992719764
(clique para ligar agora)

informativocidades@gmail.com

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.Campos requeridos estão marcados *

*